Para compreender o real significado da arquitetura itinerante é preciso lembrar que ser “itinerante” significar ir de um lugar a outro sem permanecer fixo em nenhum deles. Ao situar propostas sobre um determinado território, cria-se uma nova oportunidade de abranger zonas não contempladas, e por sua vez, potencializar, dar valor e sentido à palavra itinerante, configurando, assim, um tipo de arquitetura que se movimenta.
Dentro deste artigo buscaremos apresentar alguns exemplos de arquitetura que se desloca ou de caráter mais efêmero, sendo em algum casos, certo tipo de arquitetura estacional. Por isso é importante resgatar o nascimento deste conceito, como é entendido desde o princípio, e como este tipo de arquitetura constitui uma forma de espaço público que busca realçar seu ato espontâneo.
Hoje em dia, a escala e o ritmo da construção contemporânea desafiam a noção de permanência como condição básica das cidades.
Paisagens efêmeras em assentamentos emergentes, estão constantemente aumentando de escala e confrontam a noção de "cidade" como uma entidade estável e permanente. Em resposta a esta condição, existe uma discussão crescente sobre como as conversas entre arquitetura e urbanismo - e por que não considerar o paisagismo ou o uso do território - se beneficiariam concedendo valor ao ato espontâneo e itinerante. Deixando de lado a teoria de que tudo deve ser fixo na hora de construir arquitetura.
“Na realidade, quando as cidades são analisadas em períodos de tempo mais longos, o ‘efêmero’ surge como uma condição inevitável no ciclo de vida de cada componente do entorno construído. Dito de outro modo e nas palavras de Bishop e Williams: Dada a entristecedora evidência de que as cidades são uma complexa superposição de edifícios e atividades, que são, de uma maneira ou outra, temporais, por que os urbanistas têm estado tão focados na permanência?” Mehrotra, Vera.
ESPAÇO PÚBLICO, ORIGENS E EVOLUÇÃO
O espaço público era um local aberto que abrigava as sociedades. Na Grécia, foi chamado Ágora e em Roma Foro, ambos eram espaços onde o povo exercia sua soberania.
Em nosso país, nos tempos da colônia, o espaço público foi o lugar onde se geriu o poder político cidadão, devido a que, neste espaço congregava-se a população para deliberar através de assembleias. Não obstante, com o tempo o poder do cidadão passou para as mãos dos municípios e prefeituras. É neste ponto onde a vocação cívica do espaço público começa a perder-se e a transformar-se, porque poderes como a Igreja e a Monarquia começam a exercer seu poder sobre ele.
“A praça era e atualmente segue sendo, mas com menor intensidade, o lugar de encontro onde se realizavam numerosas atividades comerciais. Posteriormente, o espaço público cidadão se desloca da tradicional praça, em direção aos bairros e povoados, instalando-se em seu espaço vicinal. “A praça foi se transformando em um jardim recreativo, passeio de pedestres ou retiro de aposentados, carente de uma definida função histórica.”
Segundo Salazar, a causa principal da mudança do espaço público da praça para os bairros deve-se a falta de importância, do papel e funcionalidade que se deu as praças com o passar dos anos, desta forma, os bairros começam a ganhar relevância dentro dos espaços públicos presentes nas cidades e por esta razão, começam a desenvolver novas atividades, como as ferias livres. Atualmente as feiras livres, conseguiram instalar-se nos espaços públicos, promovendo a sociabilização e o desenvolvimento de atividades no bairro onde se localizam.
Os projetos destinados a ser itinerantes, buscam realçar o ato espontâneo, com espaços recreativos e de lazer, os quais contam com programas flexíveis que mudam segundo seus usuários, programas e localização.